O cenário da saúde no Brasil tem vivenciado um aumento significativo na presença de startups, trazendo consigo uma onda de inovações tecnológicas que prometem transformar a maneira como os serviços de saúde são prestados. Essas empresas jovens e dinâmicas estão na vanguarda da criação de soluções inovadoras, integrando tecnologias de ponta, como web platforms, aplicativos colaborativos e sistemas de integração avançados.
No entanto, apesar de seu potencial transformador, essas startups frequentemente enfrentam desafios significativos em termos de reconhecimento e valorização por parte das grandes empresas e do mercado como um todo. Uma das principais dificuldades enfrentadas pelas startups de saúde é a disparidade no valor percebido de suas inovações. Muitas grandes empresas de saúde tendem a subestimar o valor das soluções oferecidas por essas novas empresas, optando por pagar menos do que elas merecem. Esse descompasso entre o valor real e o valor percebido compromete não apenas o crescimento das startups, mas também a sustentabilidade do ecossistema de saúde como um todo.
A inovação, que deveria ser a força motriz do setor, acaba sendo sufocada pela falta de apoio e reconhecimento. Além disso, é importante reconhecer que as startups, muitas vezes, não têm a solução completa ou perfeita. No entanto, elas possuem um enorme potencial e têm demonstrado ao mercado e aos clientes que são capazes de entregar valor significativo. Infelizmente, o que se observa é uma falta de comprometimento e paciência por parte das grandes empresas em ajudar essas startups a aprimorarem seus produtos. Em vez de colaborarem para o desenvolvimento e melhoria contínua das soluções, muitas empresas preferem trocar a startup por outra solução, mesmo sabendo que essa nova solução não oferecerá o mesmo nível de assistência ou não terá a mesma capacidade de inovação a longo prazo. Essa atitude compromete, em última análise, o próprio cliente a longo prazo.
O questionamento central que emerge é: por que uma startup, que entrega o mesmo valor em termos de tecnologia, suporte e assistência, não é valorizada da mesma forma que uma empresa estabelecida no mercado? Esse cenário levanta sérias dúvidas sobre as práticas do mercado de saúde e sobre a visão dos executivos e conselheiros que têm o poder de promover mudanças significativas.
Para realmente avançarmos em direção a um sistema de saúde mais inovador e eficiente, é imperativo que as grandes empresas e os líderes do setor reconheçam o valor das startups e criem um ambiente mais favorável para o seu crescimento. Isso não apenas beneficiaria as startups, mas também traria vantagens significativas para o setor de saúde como um todo, promovendo a competitividade, a eficiência e a inovação.
A pergunta que fica é: até quando continuaremos a comprometer a inovação e o empreendedorismo no Brasil?
Se realmente estamos focados em tecnologia e em melhorar o sistema de saúde, o que podemos fazer para apoiar e valorizar as startups?
A resposta está nas mãos daqueles que detêm o poder de decisão: os executivos, os conselheiros e os líderes do mercado de saúde. É fundamental que esses atores deem espaço e valorizem as startups, reconhecendo seu papel crucial no desenvolvimento de soluções inovadoras que podem transformar o setor.
Em última análise, as inovações não dependem apenas dos novos empreendedores. Elas dependem também das pessoas experientes, dos conselheiros e dos líderes que estão dispostos a abrir as portas e dar o valor merecido a essas novas empresas. Somente assim poderemos criar um ecossistema de saúde mais dinâmico, sustentável e inovador, capaz de enfrentar os desafios do presente e do futuro.
>> Artigo publicado por Jihan Zoghbi, PhD em 12 de julho de 2024. Confira aqui.
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