Nos últimos dois anos eventos globais negativos abalaram a economia mundial e forçaram os governos de todos os países a promover ações, principalmente a distribuição de trilhões de dólares de ajuda à população e às empresas de todos os setores.
Após desse período desafiador, esperávamos uma recuperação gradual das economias, já estávamos vendo isso, mesmo com o final dos subsídios, quando fomos surpreendidos com um conflito armado em plena Europa.
A inflação, que já era uma ameaça global, deverá afetar severamente todas as economias em consequência da elevação considerável do preço das commodities, tanto aquelas produzidas pela Rússia, Ucrânia e Belarus, quanto as demais devido às dificuldades logísticas causadas pelo conflito. As sanções econômicas impostas à Rússia ainda tem impactos incertos sobre os demais países.
O Banco Central brasileiro liderou as medidas ortodoxas de contenção da inflação, iniciou um ciclo perverso de aumento da taxa de juros para tentar combater a inflação e voltamos ao perigoso top 5 das taxas de juros. Considerando que não vivemos um momento de demanda em alta, mas de oferta em baixa associada ao R$ desvalorizado, o cenário é delicado.
Inflação alta = consumo menor principalmente na baixa renda (maior parte da população brasileira)
Taxa de juros alta = alta no investimento em Renda Fixa
Taxa de juros alta = crédito mais caro e restrito
Os investimentos em Renda Fixa cresceram e atraíram o interesse de investidores internacionais.
A questão a ser respondida é: Os efeitos globais da inflação e da crise iniciada com o conflito armado na Europa serão capazes de interromper o ciclo virtuoso de investimentos, destacadamente de Venture Capital no Brasil? Vejam os números que precisam ser batidos
Em 2021, de acordo a LAVCA (Associação para o Investimento em Capital Privado na América Latina), os investimentos de capital privado alcaçaram o valor recorde de US$ 29,4 bilhões, sendo US$ 15,7 bilhões em capital de risco atingiu, mais do que a América Latina levantou na década anterior inteira.
Pesquisa feita pela Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) em parceria com a empresa de auditoria KPMG, publicada no Valor, apontam que:
Fundos de private equity e venture capital em empresas brasileiras cresceram 128% em 2021, totalizando R$ 53,8 bilhões
Investimentos de Venture Capital em startups brasileiras, atingiram o nível recorde de R$ 46,5 bilhões em 2021, crescimento de 219%.
No último trimestre de 2021, Fundos de Venture Capital investiram R$ 13 bilhões em startups, aumento de 261% em relação ao mesmo período de 2020.
O principais setores foram:
Fintechs e insurtechs 28%
Retailtechs 20%
Healthtechs 8%
Em 2022, somente no mês de janeiro, de acordo com o SlingHub, startups brasileiras captaram R$ 3 bilhões em 62 rodadas.
O cenário é desafiador, mas o tamanho do mercado brasileiro e as oportunidades a serem exploradas continuam atraindo grande interesse dos investidores brasileiros e estrangeiros.