UNIVERSIDADES CORPORATIVAS: 87% INVESTIRÃO EM TREINAMENTO DE TALENTOS

As universidades corporativas de grandes empresas se desenvolveram de tal maneira no Brasil que muitas delas adquiriram status de área estratégica dentro das organizações, nascidas para oferecer uma educação afinada com as necessidades globais de planejamento das organizações, hoje elas também servem para captar as mudanças de mercado na velocidade em que elas ocorrem, principalmente por conta da revolução tecnológica dos nossos tempos. As universidades inserem este conhecimento em todas as instâncias empresariais, do menor ao mais alto escalão, criando uma convergência das quais as empresas não querem mais abrir mão, sob o risco de ficarem defasadas em relação à concorrência.

 

As organizações mantinham divisões de treinamento com foco no aperfeiçoamento de funções já exercidas pelos funcionários, porém com a universidade, o conceito é ampliado. “É um sistema concebido a partir do que é estratégico para a organização. A educação é pautada pelo conceito de desenvolvimento de competências empresariais e humanas que são consideradas críticas ou necessárias para a viabilização das estratégias de negócios”, define a coordenadora de projetos e professora de graduação e mestrado da Fundação Instituto de Administração (FIA/USP), Marisa Eboli, uma das maiores especialistas do país em educação corporativa, com quatro livros publicados sobre o tema.

 
 

Lacuna na capacidade de mão de obra

 

Uma pesquisa recente da Deloitte aponta que 87% das empresas irão investir seus esforços em treinamento e formação de talentos, o que se fortaleceu ainda mais para suprir a lacuna na capacidade de mão de obra qualificada no Brasil, caso contrário as empresas terão que disputar por profissionais capacitados no mercado, pois não existe um “pool de talentos” para todos. Portanto, é preciso assumir essa agenda agora e de forma estratégica, assertiva e ágil, para que as organizações possam qualificar e requalificar seus talentos, retê-los e, ao mesmo tempo, usar essa ação para fortalecer a marca empregadora para que possam atrair mais gente qualificada.

 

Um artigo recente da Ana Paula Arbache, CEO da Arbache Innovations e docente da FGV,  cita que desde 2020 está fazendo palestras em uma universidade internacional e escolas de negócios nacionais para destacar a necessidade de atenção integral a esse tema, além de ações com universidades corporativas para organizar estrategicamente trajetórias curriculares voltadas para as demandas de progresso tecnológico , ela também reforça sobre o desenvolvimento humano que deverão ser aperfeiçoados que são as habilidades comportamentais muito necessárias para trabalhar chamadas de soft skills: empatia, criatividade, resolução de problemas complexos, pensamento crítico, entre outras.

 
 

A realidade da educação no Brasil

 

O cenário da base educacional brasileira intensifica a preocupação que todas as empresas devem ter em fortalecer suas áreas de treinamento, os resultados do ENEM (Vestibular Normalizado do Ensino Médio) revelam uma média ponderada estável nos últimos 15 anos, assim como o ENADE (exame que avalia os alunos do último ano do ensino médio) que está estagnado, e cerca de 30% estão com notas abaixo da média. Em 2021, os resultados dos exames não apresentaram melhora e ainda destacaram um importante indicador: a qualidade superior dos cursos presenciais em relação aos cursos à distância, indicando maior atenção à extensão e qualidade dos cursos à distância. (Pesquisa BTG Pactual, 2023). È necessário uma postura mais forte dos órgãos públicos e privados para que a educação no Brasil seja levada mais a sério, a fim de preparar melhor as pessoas para o mercado de trabalho e assim podendo responder melhor a lacuna na capacidade de mão de obra qualificada para suprir as organizações brasileiras.

 

A pesquisa da FDC (Análise Completa EMBARGO: 19/06/2023), indica que apenas 7,1% dos executivos apontam o nível de ensino superior como atrativo da economia brasileira, mais uma vez demonstrando um descompasso de percepções entre a academia e o mercado. Executivos também afirmaram que o domínio linguístico da força de trabalho brasileira não atende às necessidades das empresas, deixando o Brasil à frente apenas da Venezuela neste indicador.

 

Nesse quesito, o indicador de educação piorou em relação ao ano passado (quadro abaixo), colocando o Brasil na penúltima posição. Os principais indicadores que contribuem para esse posicionamento são: a gestão da educação e o ensino fundamental e médio não atendem às necessidades das empresas. Por fim, embora o Brasil se destaque no total gasto com educação como percentual do PIB (12º), esse gasto como percentual da população é menor em relação a outros países (52º).

 

 
 

A situação das startups nesse cenário

 

A grande escassez das startups no momento é de força de trabalho, mas não qualquer força de trabalho, estamos falando de mão de obra altamente qualificada, de pessoas preparadas é o que elas precisam, além de um alto nível de qualificação e conhecimento, é necessário possuir outras qualidades como: cabeça do dono, ter tenha senso de urgência, aprender e desaprender em tempo recorde, o que dificulta ainda mais a situação, pois o tempo é curto, as exigências são grandes, o dinheiro está escasso e com o atual cenário da educação o desafio se torna cada vez maior para que as entregas sejam efetivas.

 

Por fim, acredito que para se adaptar aos avanços tecnológicos, suprir a deficiência de uma melhor educação base das escolas e universidades brasileiras, melhorar o aculturamento de soft skills e para atender as rápidas demandas de trabalho, as organizações deverão ter foco constante em aumentar a eficiência e inteligência na qualificação de seus profissionais afim de garantir a qualidade e produtividade de seus entregáveis aos clientes e continuidade dos negócios da organização. Além disso, o ambiente de negócios está mudando rapidamente com a inserção de novas tecnologias disruptivas, a necessidade de aumentar a produtividade e produtos e serviços orientado para o cliente. O baixo desempenho do Brasil em questões centrais como educação reduz a possibilidade de conseguir acompanhar o cenário mundial rapidamente.

 

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