QUAIS AS PERSPECTIVAS E DESAFIOS PARA A TOKENIZAÇÃO IMOBILIÁRIA DAQUI PARA FRENTE?

Muitas pessoas ainda podem desconhecer o conceito de tokenização e até torcer o nariz para esse modelo de negócio no mercado imobiliário. Mas, querendo ou não, é melhor eles se prepararem para essa nova realidade. A presença de tokens nas negociações de imóveis é um caminho irreversível para todos – estando preparados ou não.
 
Como a blockchain é uma tecnologia de contabilidade segura e distribuída, construída com base no gerenciamento de transações, ela é perfeita para um setor que depende de transações em larga escala com base em acordos e contratos complexos. Ferramentas como contratos inteligentes e propriedade do título verificado pela blockchain são maneiras claras pelas quais este novo protocolo fornece valor real para o setor imobiliário.
 
Blockchain traz liquidez, total transparência e eficiência aos processos. Os contratos inteligentes não apenas automatizam o processo de locação de propriedades, mas também trazem um processo de gerenciamento de contratos mais rápido e eficiente que agiliza os processos envolvidos na finalização de negócios.De todo modo, a tecnologia é muito promissora e tem o potencial de destravar trilhões de dólares em capital nos próximos anos.
 
A questão que deve ser discutida agora é justamente o futuro que aguarda os tokens em um nicho bastante conservador e quais são os desafios que precisam ser vencidos para que a aplicação da tokenização seja adotada definitivamente.
 
O que explica esse otimismo em torno de tokens é justamente a aceleração digital dos últimos anos – e que foi impulsionada pela pandemia de covid-19 a partir de 2020. Há uma demanda latente por serviços digitais para pagamentos e transações diversas em vários segmentos. O avanço do Pix e de pagamentos sem contato por celular é apenas um exemplo prático dessa realidade.
 
No caso da negociação de imóveis, mais do que a facilidade para transacionar, o que a tokenização propõe é a criação de um verdadeiro ecossistema digital para facilitar processos nesse mercado. É claro que ele irá facilitar a compra e venda de casas e apartamentos, mas também serão ferramentas de relacionamento, aproximando profissionais, empresas e consumidores. É exatamente isso que a Netspaces está criando.
 
Atualmente, há um otimismo em relação aos tokens, especialmente devido ao aumento da digitalização impulsionada pela pandemia de Covid-19. A demanda por serviços digitais, como pagamentos eletrônicos, está em alta. No caso da tokenização imobiliária, não se trata apenas de facilitar transações, mas de criar um ecossistema digital que simplifica todo o processo de compra, venda e relacionamento entre profissionais, empresas e consumidores. Empresas como a Netspaces e Insignia estão desenvolvendo soluções eficazes para este mercado, prometendo não apenas facilitar as transações de imóveis, mas também fornecer ferramentas de relacionamento que aproximam todos os envolvidos no processo.
 
No entanto, há desafios a serem superados para que a tokenização se estabeleça completamente. A escalabilidade é um deles – é necessário expandir a base de usuários e empresas que utilizam criptoativos para que eles tenham um impacto significativo no mercado imobiliário, tornando-se uma opção viável para quem busca adquirir imóveis.
 
Atualmente, percebe-se que a maioria das soluções é planejada para propriedades de alto padrão – abordando justamente o nicho de pessoas que investem em criptomoedas. Contudo, é possível estimular a entrada de mais consumidores com a criação e desenvolvimento de tokens que façam sentido à realidade delas, incluindo serviços e funcionalidades que agilizam (e não dificultam) a aquisição de um imóvel.
 
O segundo ponto que emerge para o futuro da tokenização imobiliária é a necessária regulamentação do setor. Os criptoativos são, por característica, descentralizados – ou seja, não são vinculados a nenhum órgão de controle. Entretanto, negociar um imóvel é bem diferente do que comprar um sapato ou um automóvel. Há questões fiscais e patrimoniais que fazem parte deste setor.
 
Assim, é essencial que empresas, profissionais e consumidores se mobilizem no debate público para construir um marco regulatório que proteja todas as partes e, principalmente, não burocratize um modelo de negócio que se destaca justamente pela simplicidade e eficiência nas transações. Com leis e normas adequadas, é possível potencializar essa inovação a longo prazo.
 
Como já mencionei em meu último artigo, o token de imóveis oferece uma série de benefícios aos possíveis compradores/investidores. A tokenização de propriedades imobiliárias permite o fracionamento da propriedade, aumentando a liquidez de uma classe de ativos tradicionalmente ilíquidos e viabiliza uma nova classe de investidores que até então não poderia investir diretamente neste mercado. Além disso, a tokenização serve como uma via de diversificação de baixo risco para investidores existentes que desejam diversificar seu portfólio por meio de múltiplos investimentos de com menor risco, em vez de um único grande investimento.

 

Fazer projeções e previsões futuras para qualquer iniciativa é sempre um exercício desafiador. Ainda mais para um conceito que mal se consolidou no presente, como é o caso da tokenização imobiliária. Entretanto, os primeiros passos das empresas no setor já deixam claros quais obstáculos surgirão nos próximos meses e anos. Quanto mais cedo nos prepararmos para eles, mais rápido conseguiremos derrubá-los, deixando o caminho livre para a inovação e eficiência que os cripto ativos podem trazer a este ao setor imobiliário.
 

É fato que hoje, em 2024, o blockchain está sendo aplicado de maneira como jamais visto na na tokenização de ativos reais ( RWA), e o mercado imobiliário não é uma exceção a essa transformação. Com o mundo cada vez menor com o alcance da tecnologia e o cenário imobiliário se tornando global, a tokenização de ativos imobiliários baseada em blockchain terá certamente um crescimento extraordinário nos próximos 3 a 5 anos.

 

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