Dados colhidos pelo Infomoney, publicados em 10 de maio deste ano, indicam um recorde de investimentos de venture capital e private equity no Brasil e no mundo. Segundo dados do Crunchbase, os valores globais bateram US$ 125 Bilhões, no primeiro trimestre de 2021, 50% acima do quarto trimestre de 2020 e 94% sobre o primeiro trimestre de 2020, sendo US$ 57,9 Bilhões somente para Unicórnios.
No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital e a consultoria KPMG, o valor foi de R$ 10,71 bilhões, uma alta de 88% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Os setores com maior volume de investimentos foram os de serviços financeiros, tecnologia da informação, comunicação/mídia, saúde/estética e varejo.
Além do efeito pandemia, que acelerou a transformação digital nos mais diversos setores, principalmente, pela necessidade de adaptação ao novo cenário, as empresas vislumbraram uma oportunidade de reduzir custos e aumentar sua produtividade, seja através de fusões ou aquisições, seja investindo em empresas que complementam ou abrem novas perspectivas para ampliar suas fontes de receita.
Fusões e Aquisições, M&A (Mergers and Acquisitions), são sempre uma forma interessante a se considerar em momentos de crise. Entre os benefícios, além dos já citados acima, e olhando do ponto de vista de Startups, são uma oportunidade de negócios para obtenção de recursos, aumento da distribuição de produtos e serviços e, talvez, um grande aliado na promoção de inovação, principalmente em empresas consideradas tradicionais.
Colocando nosso foco em Startups e pensando em capitalizá-las rapidamente com a busca de investidores M&A, cabe uma atenção especial à preparação da Startup, desde sua criação, para chegar mais rapidamente à captura de investimento. O planejamento e a capacidade de negociação são fatores essenciais, mas as etapas, a seguir, são imprescindíveis para o sucesso, considerando o interesse de um investidor:
1 – Para iniciar a negociação, é necessária a clareza de objetivos e interesses das partes. Isto se faz através de uma carta de intenções (Letter of Intend), após a assinatura de um NDA (Non Disclosure Agreement).
2 – A fase seguinte é a preparação do MOU (Memorandum of Understanding) ou pré-contrato, onde é definido o modelo de cálculo onde será estimado o valor da empresa, o formato da avaliação financeira, a análise de marketing (mercado potencial e mercado alvo), além da expansão prevista no decorrer dos anos.
3- Passadas as fases acima, inicia-se a negociação e o processo de validação das informações fornecidas (Due Dilligence).
Na etapa 2, o valor da empresa pode ser definido de várias formas. Pode ser pela renda (fluxo de caixa descontado), onde as previsões futuras são trazidas a valor presente, Múltiplos de Lucro ou de EBITDA. Em caso de empresas com dificuldades financeiras, podem ser usados valores contábeis de ativos.
Outras nomenclaturas de metodologias para cálculo de Valuation são: Total de Ativos + Lucro líquido, mais focada em finanças e em empresas com algum tempo de existência; Base Zero, baseada em business plan a partir do momento zero e Venture Capital, que tem o foco nos lucros futuros de empresas com crescimento rápido.
Nas Startups costuma-se preferir o fluxo de caixa descontado ou os múltiplos, principalmente porque muitas startups têm origem em inovação de soluções utilizando softwares onde a quantidade de ativos da empresa é menos representativa.
Na busca por investidores, é essencial, ter um business plan consistente que leva em conta tanto a parte financeira e suas estimativas, quanto a estratégica, que leva em conta a proposta de valor, nível de inovação em que a empresa se encontra ou se propõe a oferecer, parcerias, análise competitiva, tamanho de mercado, eventuais barreiras que as empresas existentes criaram para evitar a participação de novos entrantes.
Cabe também uma autoavaliação sobre o tipo de sua startup, pois muitos negócios esbarram no apego emocional do fundador, na sua necessidade de permanecer no controle e, sobretudo, no controle financeiro precário. Para todas estas situações há alternativas que podem compatibilizar os interesses, mas isto deve ser combinado no início do processo com todos os stakeholders e ações devem ser tomadas para reduzir estes riscos ao negócio.
Para não deixar de falar das grandes fusões e aquisições, sobre os quais não nos detivemos em grande parte deste artigo, cabe lembrar que, além dos tópicos analisados acima, deve-se ter também o cuidado de avaliar situações de monopólio de mercado, leis governamentais, impactos na sociedade como um todo, Compliance, Adequação à Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD e muitos outros aspectos, que também atualizam-se e amadurecem a cada dia. Estes são apenas alguns dos elementos que considero essenciais na organização de uma startup disposta a desbravar o mercado de investimentos, mas, como procurei apresentar, são muitos os caminhos possíveis.
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