Não faça da sua Fintech uma paleteria mexicana


O titulo parece provocador, mas o objetivo é chamar atenção para enxurrada de fintechs que estão surgindo sem uma proposta de valor clara para o cliente. Vamos lembrar que tempos atrás, a cidade São Paulo foi invadida por diversas paleterias mexicanas, isso aconteceu em meados de 2014 e 2015, era um sorvete gourmet que no Mexico é chamado de picolé, invadiu os cantos com “sabores” inusitados. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ABIS), chegou a ter mais de 627 paleterias. Depois de alguns anos de modismo, encontrar uma paleteria no mercado é uma caça ao tesouro. Não estou falando que o mesmo vai acontecer com mercado de Fintechs, apenas colocando um ponto para reflexão. Se analisarmos o motivo das paleterias saírem do mercado, podemos ter alguns pontos em comum, tais como: o produto não era tão inovador e era um sorvete “mais” goumert. Assim que os grandes fabricantes perceberam, fizeram o mesmo, com isso o diferencial competitivo caiu por terra e o negócio foi morrendo. 

Que lição podemos levar para o mundo das Fintechs? Antes, vamos lembrar como surgiu esse tema. Apesar de parecer ser um termo relativamente novo, o seu uso começou em meados de 1990, marcado pelas tentativas do Citigroup de usar a tecnologia para facilitar suas operações. Foi só depois da crise hipotecária em 2008, que o termo Fintech começou a se popularizar, sendo associado ao diferimento dos mesmos serviços prestados pelas instituições financeiras. As Fintechs podem ser vistas como um casamento entre serviços financeiros e a tecnologia da informação, ou seja, usam a tecnologia para proporcionar soluções financeiras. De acordo com Brummer e Golfine[GR1] , as Fintechs têm se apoiado em inovação para mudar a forma como as pessoas interagem no mundo financeiro, desenvolvendo plataformas amigáveis que melhoram a experiência do usuário e contribuem com a inclusão financeira.

No Brasil, a maior concentração de Fintechs está na região sudeste e sul, sendo que 73% estão na região Sudeste, com destaque para São Paulo com 57,1%, no Rio de Janeiro 8.8%, seguido por Paraná com 7.8%. Os principais canais de comunicação com os clientes das Fintechs são realizados 42% pela Web, 28% por APP, 14% por e-mail, 7% por redes sociais, 7% por ligação telefônicas e 1% por agências físicas. Segundo o Radar Fintechlab Brasil (2020), hoje, são mais de 689 Fintechs em diversos segmentos, sendo que em crédito são mais de 114 Fintechs, esse número a cinco anos atrás não passava de 60 Fintechs e isso demonstra a pujança do segmento.  

A reflexão que fica é qual a proposta de valor que as Fintechs estão entregando para os clientes? De fato, existe um diferencial competitivo? Realmente são inovadoras? O que não podemos contestar, é que estão atuando na ineficiência dos grandes players, um grande vácuo deixado no mercado. Vale lembrar, que os valores não são aqueles que achamos e sim aquele que o cliente percebe.

Reflita e não deixe sua empresa cair na síndrome da paleteria mexicana.

Uma excelente semana e até a próxima coluna!

 

 

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