Foram três dias, de 6 a 8 de junho de 2023, nos quais estive no maior encontro do mercado financeiro, a edição europeia do Money 20/20. O evento reuniu os maiores bancos do mundo e fintechs do mercado europeu, ansiosos por soluções. Foi um espaço para fornecedores tradicionais e fintechs que trazem soluções para o ecossistema financeiro.


PAYMENTS EVENT
primeiro impacto que tive no evento foi a forte presença de soluções de pagamentos. Diversas empresas estavam focadas em transações cross-border. Antes mesmo de chegar ao evento, ao ver a lista de empresas, me deparei com o Rendimento. Fiquei pensando: que curioso, uma empresa com o mesmo nome do Banco Rendimento. Para minha surpresa, era o Banco Rendimento, com sua empresa Rendimento/Pay. Tive o prazer de conhecer Luiz Citro e conversar sobre sua solução de pagamentos internacionais. As surpresas não pararam por aí. Para conectar o Brasil ao mercado global, mais players do nosso mercado estavam presentes. Tive a oportunidade de conversar com as seguintes empresas nacionais:
• Inter – Túlio Lima
• PagSeguro International – Caio Costa
• Transfero Group – Guilherme Murtinho
• WePayments: Matheus Gobato Nunes e Thiago Gubert
O consenso que obtive ao conversar com os líderes dessas empresas nacionais é que, nesse ecossistema, os outros players de pagamentos se unem. Para realizar transações internacionais, é fundamental estabelecer conexões com outros países, muitas vezes com mais de uma empresa, pois cada uma resolve uma “dor” específica, seja câmbio ou recolhimento de moeda local em um país.
A presença de empresas de pagamentos, com estruturas focadas em transações cross-border, é de suma importância para conectar pessoas físicas e jurídicas brasileiras ao cenário global.
PALESTRAS COM FOCO 360°
Nos outros eventos internacionais em que participei, estive em comitivas que ofereciam serviços de curadoria de palestras, recomendando palestrantes principais e proporcionando networking com outros compatriotas para compartilhar visões e insights sobre o evento.
Dessa vez, na missão Europa, fui sozinho, então decidi explorar o aplicativo do evento. Personalizei minhas preferências e a IA do aplicativo me trouxe uma série de sugestões. Paralelamente, pesquisei as diversas trilhas do evento, divididas em:
– Financiando o ecossistema
– Abertura para o setor bancário
– Interações fluídas
– Startups
– Decisões estratégicas
– O impacto socioeconômico
– Pensando diferente
– Finanças inesperadas
Com todas essas opções em mente, parti para aproveitar ao máximo o que iria assistir. Porém, já estava claro que eu teria que lidar com o FOMO (Fear of Missing Out) gigante, ou seja, não queria perder nada, mas havia muito conteúdo. Uma dica para quem não é nativo em inglês é baixar o “Otter”, um aplicativo que grava e transcreve em tempo real o áudio das palestras, o que ajuda bastante em eventos como esse, desde que sua conexão com a internet tenha um bom sinal.
A primeira palestra que assisti foi “Blockchain and the Future of Money Movement: Opportunities and Challenges?”, na qual Maurício Magaldi entrevistou Basak Toprak, do JP Morgan. Eles trouxeram casos de uso para a movimentação de dinheiro na blockchain, incluindo pagamentos transfronteiriços, tokenização de ativos e pagamentos de máquina para máquina na Internet das Coisas (IoT). Mauricio Magaldi, com seu inglês nova-iorquino, é brasileiro e criador do BlockDrops e BlockTalks, mais uma dica para os leitores do meu blog acompanharem o mundo da Web 3.0.

No mesmo dia, assisti à palestra “From Transactional to Transformational: The Power of Open Banking in Corporate Finance”, mediada por James Lloyd e com a participação de de Claire Calmejane, Kanika Hope e Prajit Nanu, representantes de Citibank, Societe Generale, Temenos e NIUM, respectivamente. Mudamos de país, mas os desafios são os mesmos. Apesar da regulação para o uso do open banking, a adoção, criação de funcionalidades e barreiras para a adesão são similares ao nosso mercado, ainda temos um caminho para estabelecer frameworks para o Open Banking.

Houve muitas outras palestras, com muito conteúdo sobre Open Banking, Web 3.0, criptomoedas, inteligência artificial generativa, disrupção, entre outros. O material foi tão amplo que vale um artigo separado.
ESTANDES DE PAÍSES
No evento, estavam presentes estandes de diversas delegações, como Lituânia, Estônia, Turquia, Espanha, Itália, África do Sul, Canadá e muitos outros países.





Nesse aspecto, confesso que senti um pouco de inveja dos nossos pares. Acredito que o Brasil deveria estar presente em um espaço como esse. Algum órgão público ou mesmo uma associação de classe poderia trabalhar para levar nossas fintechs a um evento dessa magnitude. Afinal, somos uma das referências globais no mercado de tecnologia bancária para varejo e ganhamos notoriedade com o uso do PIX.
BRASILEIROS NA MONEY 20/20 2023
Destaquei a forte presença das empresas de payments, mas gostaria de compartilhar sobre a SalaryFits representada por Mateus Freitas Gomes e Moacir Giansante. Essa startup brasileira possui dois braços um em Londres e outra na Itália, e exporta um dos produtos que foi responsável pelo crescimento do Brasil no primeiro mandato do atual presidente: o crédito consignado. Eles têm se destacado desde a originação de crédito até a gestão de margem de empresas públicas e privadas, em uma iniciativa de levar o know-how brasileiro a outros mercados.
Durante o evento, tive a oportunidade de encontrar diversos brasileiros pelos corredores, e todos estavam receptivos como sempre, compartilhando suas experiências internacionais e incentivando a mudança do nosso mindset colonial para explorar novos mercados.
ORGANIZAÇÃO E NETWORKING IMPRESSIONANTES
Ao final desses três dias, fiquei impressionado com a organização e as oportunidades de networking proporcionadas pelo evento. Minha expectativa era a presença massiva de participantes da indústria financeira, incluindo executivos de bancos, mas o evento oferece muito mais do que isso. Há oportunidades de networking e colaboração entre diversos fornecedores, startups e investidores. Todos os dias, recebi convites no meu app do evento para meet-ups, onde assisti a pitches de founders de vários países e tive a chance de conhecer outros investidores.
As palestras foram envolventes, abordando temas como Open Banking, Web 3.0, criptomoedas, inteligência artificial generativa, ESG, startups, entre outros. Como entusiasta de tecnologia e participante do ecossistema de fintechs, senti-me parte integrante do evento e espero estar presente novamente em 2024, talvez com ainda mais investidores e founders de fintechs brasileiras.
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