Por que um advogado com carreira consolidada resolveu criar uma heathtech?
Rodrigo Minha carreira e vida acadêmica sempre foram muito ligadas ao setor saúde, especificamente as cadeias de fornecimento de produtos farmacêuticos e produtos médicos. Também atuei para empresas da Nova Economia nos momentos iniciais delas no Brasil. Nesse sentido uma healthtech não está tão longe desses ambientes.
Na minha visão o ponto mais empolgante está ligado a mudança de trilha empreendedora do escritório de advocacia que eu fundei para uma Startup.
Foi uma situação da vida pessoal, doença em família, que me fez perceber com muita clareza a dificuldade das pessoas que estão em recuperação ou até mesmo manutenção da saúde em casa. Como neste momento em que muita coisa muda falta atenção e acesso.
Com a vivência no setor e a sensibilidade aguçada por esse evento pude mapear o problema e saber que milhões de pessoas não têm a qualidade de vida que poderiam pois fora das instituições de saúde sentem a falta de informações práticas, profissionais que possam atender em domicilio e canais de aquisição dos produtos médicos especiais não comercializados em drogarias.
Essa percepção mostrou a possibilidade de apoiar as pessoas e famílias em momentos desafiadores de saúde, profissionais da saúde buscando trabalho e fabricantes ou distribuidores hospitalares buscando novos canais de comercialização.
A união de um propósito de impacto social com uma grande oportunidade de negócio, me motivaram a fazer esse movimento.
Quais foram os principais desafios para colocar em operação a SUPREVIDA?
Apesar de toda a oportunidade e necessidade de uma solução como a Suprevida estamos em um setor muito tradicional e resistente a mudanças. Tanto os consumidores quanto os fornecedores são cautelosos, pois estamos falando de vida e saúde.
Por conta disso o primeiro desafio foi de aceitação de um novo modelo on-line to off-line intermediado por uma plataforma. Esse desafio foi superado com a demonstração de que a Suprevida não é primeiro health e depois tech o que significa que temos muita clareza da sensibilidade do tema e das cautelas necessárias.
Os desafios tecnológicos, operacionais e comerciais decorreram desse ponto inicial e foram sendo tratados com um time altamente motivado pelo nosso propósito do qual participam executivos com muita vivência no setor.
Poderia falar sobre o problema que a SUPREVIDA resolve e sobre o mercado onde atua?
O propósito de conectar as pessoas com as soluções para saúde em domicílio em um país continental e diverso como o Brasil implica em lidar com diferenças culturais, desafios de infraestrutura e logística. Endereçar esses desafios só é possível mantendo a mentalidade de que o consumidor está no centro do processo e cabe a Suprevida através de tecnologia e serviços facilitar as interações entre os atores do ecossistema.
Portanto posso dizer que a entrega do valor que é nosso mote “Saúde ao seu Lado” demanda resolver muitos problemas pequenos e grandes. As soluções e know how criados ao tratar esses problemas são o valor que vai se acumulando na Suprevida.
Hoje a Suprevida se remunera por take nas transações de venda de produtos. Esse mercado, gastos familiares out-off pocket com produtos médicos especiais foi avaliado pelo IBGE em 2018 em 9.3 bilhões de reais/ano e trabalhamos com a perspectiva de crescimento superior a 10% ao ano por conta do envelhecimento da população.
Como foi o processo de captação de investimento e quais as recomendações para os empreendedores?
Dividimos a rodada em duas partes por conta da pandemia (uma em março de 2020 e outra agora, em outubro de 2021) a estratégia foi uma resposta ao momento inesperado, de um lado o Lockdown que logo no primeiro mês da captação fez com que as fontes de investimento se fechassem para avaliar os impactos e de outro a demanda e interesse de compradores e vendedores em participar do ecossistema que teve enorme aceleração pelo mesmo contexto de pandemia e lockdown. A captação sustenta o projeto de criação de acesso e empoderamento a consumidores de todo o Brasil e teve como foco a Diversidade de Captable com perfis complementares para contribuição.
Com esse objetivo trouxemos para a rodada uma Venture Builder Eurolife Investments que investe em Startups de Saúde nos EUA e no Brasil, Insper Angels, Fea Angels, o Super-Anjo Bruno Pascon que foi Vice Presidente do Banco Goldman Sachs, uma captação crowdfunding com o Kria que trouxe mais de 100 investidores em uma comunidade diversificada formando um grupo grande e engajado de apoiadores da startup que podem ser embaixadores da marca, trazer insights através de sugestões, pesquisas, grupos de discussão e o Venture Capital Kadmotek que já tem histórico de suporte a jornada de outras Startups e exit bem sucedido.
Com o valor captado vamos ampliar os serviços e rede para os vendedores, a divulgação para os compradores, além do desenvolvimento incremental da plataforma de sustentação do ecossistema e testes para inovação e geração de valor para o público.
Vemos como sucesso da rodada tanto o valor captado quanto em composição do Captable dentro de nossa visão estratégica de diversidade. Acreditamos que, em um mundo diverso, acolher a diversidade em todos os aspectos é uma grande vantagem competitiva pois nos coloca em sintonia com o mundo real em que nossas soluções são ofertadas.
Quais as perspectivas da SUPREVIDA nos próximos dois anos?
Nossa perspectiva para os próximos 2 anos prevê a escala acelerada de número de transações e usuários, calcada não só nos funis de atração e conversão cada vez mais eficientes, mas especialmente na recorrência de usuários induzida pela demanda especialmente das pessoas com necessidade crônicas ou de longa duração.
Adicionalmente pretendemos ofertar novas soluções para os participantes do ecossistema Suprevida que também gerem novas linhas de receita.