Produto de crédito e investimento completou 20 anos com forte crescimento. Resultados comprovam importância da agenda positiva desenvolvida ao longo de duas décadas.
O ano de 2001 foi marcado pelos ataques terroristas do 11 de setembro que apagaram da nossa memória alguns fatos que também influenciaram a economia brasileira nos anos seguintes:
• Crise econômica da Argentina
• Desaceleração da economia mundial
• Selic 19%
• US$ = R$ 2,38
• Operações de crédito livre 9,9% do PIB
• PIB US$ 559,4 bilhões
• Patrimônio Líquido dos Fundos de Investimento R$ 1,7 trilhão
Fonte: ANBIMA e BACEN
É importante lembrar também que no primeiro mandato de FHC, 1994 | 1998, o Sistema Financeiro passou por árduo processo de reestruturação decorrente da estabilização econômica que prejudicou severamente os resultados e os balanços dos bancos e diminuiu a oferta de crédito.
A regulamentação dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, mais conhecidos como FIDCs, ocorreu nesse cenário desafiador. Foi um passo importante na desintermediação financeira, pois conecta diretamente o tomador do crédito e o investidor. Uma solução que reduziu os encargos tributários, ampliou a disponibilidade de crédito e as oportunidades de investimento para os investidores qualificados.
Nas últimas duas décadas, esse produto de captação e investimento passou a ser utilizado por diversos setores da economia e hoje temos um cenário tão desafiador quanto o de 2001:
• Covid-19
• Desaceleração da economia mundial
• Selic 9,25%
• US$ = R$ 5,70
• Operações de crédito livre 31,9% do PIB
• PIB US$ 1,3 trilhão
• Patrimônio Líquido dos Fundos de Investimento R$ 6,9 trilhões
Fonte ANBIMA e BACEN
O crescimento da indústria de FIDCs foi impressionante. O Patrimônio Líquido partiu do zero, em 2002, a R$ 269 bilhões em 2021. Uma evolução que teve papel fundamental no financiamento da cadeia produtiva brasileira, na otimização do caixa de grandes grupos econômicos, no aproveitamento de créditos com liquidação de longo prazo e no financiamento de grandes projetos de infraestrutura.
FIDC PATRIMÔNIO LÍQUIDO
• 2018 R$ 123,7 bilhões
• 2019 R$ 203,8 bilhões
• 2020 R$ 180,9 bilhões
• 2021 R$ 269,8 bilhões
Fonte ANBIMA
Nos primeiros anos do produto, os créditos eram, em sua maioria, do mercado financeiro, com destaque aos recebíveis de financiamento bancário, mas a participação de outros setores, indústria, comércio, agronegócio e empresas presentes em mais de um setor, aumentou com o passar do tempo.
Hoje, temos novos originadores, impulsionados pela visão de negócio de investidores e também pela iniciativa do governo por meio do BNDES, com a entrada de setores que, provavelmente, não estavam no radar em 2002. Entretenimento, Esportes, Educação, Fintechs, e PMEs entraram no circuito dos FIDCs e, recentemente, o ESG. De um lado tomadores de crédito pagando taxas menores que as oferecidas pelos bancos, do outro lado investidores com maior apetite e controle de riscos em busca de retornos mais altos. Isso mesmo, um instrumento de crédito e investimento criado há vinte anos é mola propulsora das Fintechs de crédito, incluindo alguns dos nossos unicórnios.
Paralelamente às necessidades do mercado, não podemos deixar de mencionar a agenda positiva criada pelos reguladores, CVM, BACEN e ANBIMA que atuaram ao longo dos anos para viabilizar o aperfeiçoamento e crescimento dos FIDCs independente da vontade pessoal das pessoas que os lideraram.
Em 2022, os FIDCs devem continuar crescendo favorecidos pela alta dos juros, diversidade de lastros, inclusive recebíveis com propósito ESG, a abertura para investidores comuns e, claro, como fornecedores de capital para as operações das fintechs. Mais crédito, menores taxas para os tomadores e maior retorno aos investidores.
FIDCs são a prova que uma agenda regulatória positiva, continuamente atualizada, aliada à criatividade e visão de negócio de empreendedores criam a fórmula perfeita para o nosso desenvolvimento.