Existe diferença entre o Perfil de liderança de Bancos e de Fintechs?


As empresas são feitas por pessoas e geralmente os resultados são atribuídos a uma boa liderança. Nesse contexto dentro do ecossistema financeiro, surge um novo entrante, as chamadas Fintechs. Essas empresas, apresentam na sua estrutura de liderança os seus próprios fundadores e tem chamado muito atenção dos novos profissionais no mercado de trabalho, pois preferem seguir ou começar a sua carreira em uma Fintech do que em um banco tradicional.

A grande percepção empírica é que a liderança nas Fintechs é diferente quando comparada com bancos. Essa diferença fica mais explícita, quando apresento a pesquisa realizada no meu perfil do Linkedin, conforme a pergunta a seguir: – Existe diferença no perfil de liderança de um executivo de Fintech quando comparado com executivo de um banco? De 75 respondentes, 88% responderam “Sim” e 12% responderam “Não”.

As Fintechs têm atuado em um nicho que hoje é assistido por bancos de uma forma marginal, ou seja, estamos falando de um público de baixa renda que representa em média 52 milhões de pessoas. Esse mesmo público é mal atendido por bancos, mas com as Fintechs passa a ter um atendimento exclusivo que só as pessoas de alta renda conseguem ter em bancos. Além desse propósito constante, essas empresas buscam preencher uma lacuna de mercado.

Para contextualizar o mercado, vale mencionar o alto nível de concentração bancária, chegando a 81% em 2019, segundo o Banco Central do Brasil. Esse nível de concentração impacta diretamente a competitividade entre as instituições financeiras, sendo que o maior prejudicado é o cliente. De acordo com a PricewaterhouseCoopers Brasil (PWC, 2018), nos últimos 19 anos a concentração bancária subiu substancialmente, saltando de 57% no ano de 2000 para 81% no ano de 2019, tornando o Brasil o segundo país mais concentrado em nível concorrencial de instituição financeira, ficando atrás apenas da Holanda com 89%. Outro fator negativo, sendo um dos países com os maiores SPREADS (refere-se à diferença entre o custo de captação e juros emprestado) do Mundo. 

A combinação de alta concentração bancária com o segundo maior spread do mundo, faz com que o brasileiro tenha acesso restrito a crédito, sendo muito custoso, principalmente para sanar despesas correntes. Nesse terreno fértil, surge o termo Fintech provindo do inglês Financial Technologies, que passou a ser muito difundido nos últimos anos.

A importância que o tema Fintech tomou nos últimos anos, considerando o impacto que a liderança exerce nas organizações, torna-o uma possível ameaça para os bancos. Entender a sua importância, pode ser um mapa para os líderes de bancos, incluindo executivos de recursos humanos, do que seria necessário fazer para conseguir reverter essa tendência de evasão dos millennials nesse marcado.

Para ilustrar o perfil de liderança transacional, transformacional, Laissez-faire e autêntico, foi enviado um questionário, via SurveyMonkey, para a base da Associação Brasileira de Bancos (ABBC) e Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (ACREFI), denominado grupo de Bancos e para grupo de Fintechs para base da Associação Brasileira de  Fintechs (ABFintechs), sendo 121 Bancos, com 85 respostas e 110 Fintechs, com 98 respostas. Totalizando 231 instituições, com 183 respostas. Os formulários envidados foram o Multifactor Leadership Questionnaire (MLQ – Questionário Multifator de Liderança), desenvolvido por Avolio e Bass em 1990, para identificar a tipologia de liderança transacional, transformacional ou Laissez-faire e Authentic Leadership Questionnaire (ALQ – Questionário de Liderança Autêntica), que foi desenvolvido por Bruce Avolio, William Gardner e Fred Walumbwa em 2007, e serve para identificar a tipologia de liderança autêntica.

Nem tudo que parece ser diferente realmente é! Esta pesquisa, buscou identificar se existia ou não diferença no perfil de liderança transacional, transformacional, Laissez-faire e autêntica sob a ótica de Fintechs e bancos. Os resultados obtidos na modelagem estatística são sustentados pela teoria de liderança transacional, transformacional, Laissez Faire e autêntica, isso quer dizer, não houve diferença nos resultados entre bancos e Fintechs. Esse desfecho pode surpreender o status quo empírico, ratificado em uma pesquisa realizada no meu Linkedin. O ato de demonstrar que não existe diferença no perfil de liderança de Fintechs quando comparados com Bancos, nos leva a uma reflexão sobre a forma que as Fintechs se apresentam no mercado.

Link completo do estudo: https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/30240

Uma excelente semana e até a próxima coluna!

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  • One thought on “Existe diferença entre o Perfil de liderança de Bancos e de Fintechs?

  1. Muito legal essa provocação!
    A questão agora passa a ser outra, porque modelos de negócios tidos como diferentes, talvez possamos nomear um como inovador e o outro convencional, apresentaram similaridades quando o tema é “perfil de liderança”? A confiança é o fator crucial que paira sobre um ente financeiro, qualquer que seja o tamanho. Regras draconianas no que diz respeito a horários não podem ser jamais violadas sobre pena de multas e perda de credibilidade, junto ao sistema financeiro e aos clientes, portanto a características de liderança tendem a ser ligas ao comando e controle, e não há nada de errado com isso.

  2. Marli, sim, a liderança é um fator importante sempre, apesar de serem empresas disruptivas, o que importa é os líderes estarem imbuídos de um espírito de inovador e de evolução de sua empresa.

  3. Ótima reflexão! De bate e pronto, olhando o estilo das fintechs, imaginamos logo, lideranças diferenciadas, mas…o estudo vem clarificar e quebrar esse paradigma. O ponto é, enxergar um nicho e valorizar o potencial!

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