Hoje quero dividir com vocês um tema que também foi pauta da FEBRABAN TECH, que é a educação financeira. E já começo afirmando que educação financeira não se resume apenas em cortar gastos, aprender a economizar ou poupar e acumular dinheiro, muito pelo contrário, educação financeira consiste em buscar conhecimentos sobre a melhor forma de lidar com o dinheiro, é gerenciar de forma inteligente os recursos disponíveis que podem ser pessoais, familiares ou empresariais, para uma melhor qualidade de vida hoje e, claro, para o futuro.
A saúde financeira no Brasil traduzida em números
Hoje no Brasil o índice de endividamento é preocupante e conforme aponta Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o mês de setembro 2022 registrou percentual de endividamento em 79,3% de lares com dívidas sendo esse o terceiro aumento consecutivo em 2022. A pesquisa também aponta que, pela primeira vez, a proporção de consumidores endividados cuja renda é inferior a 10 salários-mínimos teve aumento de 0,4% e atingiu patamar histórico de 80,3%.
Sem dúvida, vários são os fatores que influenciam na alta taxa de endividamento, como o desemprego, a informalidade do emprego, pois isso aumenta a incerteza da renda ou o ganho em valores fixos, o consumismo, a desproporcionalidade entre valor ganho x valor gasto, o uso desenfreado de cartão de crédito e logicamente que tudo isso está atrelado a má gestão das finanças ou até mesmo à falta dela.
De acordo com o Índice de Saúde Financeira do Brasileiro (I-SFB), lançado pelo Banco Central e pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), 70% dos brasileiros gastam tudo ou até mais do que ganham. Em uma escala de 0 a 100, a saúde financeira média da população brasileira está em 57 pontos e essa pontuação demonstra que a saúde financeira do brasileiro está no limite, o que precisa de muita atenção e cuidado. Além disso, essa pesquisa também traz dados alarmantes:
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21,9% dariam conta de uma despesa grande e inesperada;
- 69,4% dos brasileiros empatam ou gastam mais do que ganham;
- 58,4% afirmam que de alguma maneira as finanças se refletem na vida familiar;
- 53,5% afirmam que os compromissos financeiros reduziram o padrão de vida;
- 37,9% percebem que precisam buscar orientação
Conhecimento, Consciência e Controle
Por isso, gerenciar os gastos pessoais, familiares ou da empresa é algo necessário, diria que imprescindível, e vai muito além do que apenas saber qual é o saldo de conta, ou se está sobrando mês no fim do seu salário ou salário no fim do mês. Gerenciar seus gastos é ter a consciência do uso correto e até do risco do uso do seu dinheiro, é conhecer sua saúde e bem-estar financeiro e entender sobre educação financeira, é ter o conhecimento a respeito das finanças.
O tema educação financeira ainda é pouco abordado na sociedade, com isso muitos brasileiros são e estão carentes dessa informação e diversos fatores contribuem para isso, dentre eles o grau de escolaridade, a falta de acesso a recursos tecnológicos e até mesmo por uma questão cultural, pois quando o assunto é dinheiro, o brasileiro não costuma falar a respeito. Fato é que educação financeira não se resume a livros, teorias, estudo ou especialização matemática, mas sim conhecimento, consciência e controle dos gastos x ganho e aprendizado sobre a maneira como se usa o dinheiro e sobre as oportunidade e riscos que pairam sobre o tema.
Planejar as finanças e ter o controle sobre os gastos parece algo complexo, inimaginável, mas na verdade é tudo uma questão de hábito e para começar a boa e velha dica da planilha de Excel poderá ser sua melhor aliada. Ter uma planilha de gastos é a forma mais simples e fácil de organizar suas despesas e com isso entender melhor onde estão seus gastos, seus gargalos e de fato saber para onde está indo seu dinheiro. Algumas startups também dão dicas preciosas sobre como organizar, planejar e controlar sua vida financeira como é o caso da Plano Consultoria Financeira e Neon ConsigaMais, acesse e veja mais dicas, no site da Neon ConsigaMais você encontrará uma planilha de gastos que te ajudará a dar o pontapé inicial em seu controle.
Os 5 passos básicos para iniciar o controle da vida financeira
Na prática a educação financeira dá condições para que você possa escolher a melhor forma de lidar com suas finanças. E uma dica muito importante para quem quer começar, é seguir os 5 passos abaixo, fazer o ACCIP.
Analisar: o primeiro passo é a autoanalise da sua situação financeira, coloque em uma planilha todos os seus gastos mensais, sejam eles recorrentes ou esporádicos, suas dívidas a longo prazo, como financiamentos, empréstimos, aquele dinheiro emprestado para o amigo e claro, o saldo de sua conta, sua poupança.
Controlar: ter um controle de despesas é muito importante pois, com ele fica mais fácil saber para onde está indo seu dinheiro. Você já ficou com aquela sensação de que sobrou mês no fim do salário? Então, o controle de gastos te mostrará o que pode estar acontecendo nesse caso.
Cortar: eliminar os gastos supérfluos é essencial e sem dúvida será um passo importante para você conseguir poupar uma graninha.
Investir: depois que você já analisou, controlou e cortou gastou desnecessários, é hora de pensar além e fazer seu dinheiro render. O investimento, qualquer que seja, deve ser feito sempre e não apenas quando sobrar dinheiro, poupar dinheiro deve ser um hábito.
Planejar: priorizar objetivos e traças metas é essencial e para começar você deve estabelecer metas simples e a curto prazo, pois assim os resultados virão mais rapidamente e você terá um incentivo para ir mais adiante.
Bom, se você chegou até aqui e gostou das dicas e informações, sugiro que assista na íntegra a palestra dos especialistas Eduardo Amuri (especialista em educação financeira), Marcelo Junqueira Angulo (Chefe da Divisão de Educação Financeira do Banco Central do Brasil) e Tatiana Thomé (Vice Presidente da Caixa), com moderação de Amaury Oliva (Diretor executivo de Sustentabilidade, Cidadania Financeira, Relações com o Consumidor e Autorregulação da Febraban).