O ecossistema de startups tem sido impactado pelo movimento de alta de inflação global e momento de recessão da economia, e, esse foi o assunto que tratamos na Live da Kadmotek: “Cenário Econômico Atual e Impacto nas Startups”.
Participaram da conversa, Gilberto Albuquerque, fundador da Kadmotek, uma venture capital de portfólio diversificado, Nádia Armelin, que está à frente da gestão do fundo Aggir Ventures, Health que investe em startups de saúde no Brasil, Flávio Monteiro, Head of Venture Capital & Dealflow Leader da Kria, maior plataforma de investimentos por meio de financiamento coletivo, e eu, Carlos Augusto de Oliveira, investidor anjo e mentor de fintechs além de membro do Comitê de Investimento da Kadmotek.
Diante do cenário econômico que encontramos em todo o mundo, o principal assunto da nossa conversa foi o efeito dessas mudanças do ambiente econômico sobre startups e os seus desdobramentos, e, me adiantando, acredito que estejamos diante de uma oportunidade de retomarmos valores básicos do Venture Capital: escolher e apostar em iniciativas disruptivas mas com fundadores responsáveis na gestão de seus negócios.
Abaixo destaco os principais aspectos abordados em nosso encontro, divididos em quatro tópicos:
1. Crise de investimentos em startups?
Durante nossa conversa a primeira pergunta apresentada por nosso anfitrião tratou da questão da crise dos investimentos, afinal, o capital está mais caro e seletivo?
Acredito que encontramos uma posição consensual entre os participantes, ainda que atuemos com diferentes formatos e porte de investimentos.
O lugar comum a que chegamos foi a constatação de que diante do cenário de aumento de juros, as avaliações para investimentos ficam mais conservadores uma vez que os Fundos de Investimento, VCs, PEs e investidores em geral, precisam ser exigentes na avaliação das soluções inovadoras, pois o capital fica mais restrito sim quanto as startups a serem investidas, pois precisam garantir um maior retorno ao capital investido com menor risco.
Por outro lado, consequentemente, as startups que conseguiram realizar captações, diante deste novo cenário turbulento, devem fazer uma gestão mais responsável e administrar com sabedoria seus recursos, se possível prolongando a necessidade de novas rodadas para que somente ocorra em um momento com um ambiente mais amigável. Confira em detalhes as respostas de cada um dos participantes da Live em questão:
2. Alternativas de investimentos para Startups
Passada a onda de alta liquidez e abundância de recursos para investimentos em novos modelos de negócio, acredito que os investidores caminham para buscar iniciativas mais sólidas com founders que inspirem credibilidade e que conduzam as startups com melhor governança, ou seja, as que buscam realizar uma gestão consciente e estruturada de suas empresas e estejam de fato perseguindo em entregar indicadores positivos, em especial, na preservação do caixa.
O momento é de cautela, o capital não se esgotou, existem boas alternativas, mas serão privilegiadas as startups que de fato demonstrem clareza de perspectiva do modelo de negócio se tornar rentável e execução consistente do business plan. Trata-se de uma forte mudança de discurso dos investidores (que antes muitas vezes privilegiavam o crescimento a qualquer custo), cabendo as startups realizarem um importante dever de casa entregando aos investidores compromissos cabíveis e extremo respeito ao “use of proceeds”. Assim, é momento de voltar ao básico na gestão e gerar confiabilidade junto ao mercado!
3. Perspectivas para o futuro: 2023
O resultado da crise sanitária que vivemos ao longo destes ultimos dois anos, os problemas na cadeia de produção e ainda por cima uma guerra, tudo isso impactou os negócios, desestruturou a cadeia logistica e o aumento da taxa de juros é só uma parte deste problema (ainda que relevante). Se olharmos para a Europa, que ainda não iniciou um ciclo de aumento de taxa de juros, ou Estados Unidos que já está com uma alta histórica, o alerta é global e estrutural.
Assim, a recomendação principal é preservar caixa o máximo possível e entender que os próximos 24 meses tendem a ser duros, logo, o que pode acontecer no próximo ano é o acirramento do que já vemos em 2022.
Fundamental também compreender que – como o mercado neste período turbulento está mais restrito e conservador – caso se necessite de um novo aporte provavelmente seu valuation receberá um “down round” ou seja, deverá ser penalizado como forma de reduzir o risco do investidor, e portanto, deve ser usado com parcimônia com risco de deixar muito equity na mesa de negociação.
Boas oportunidades sempre serão valorizadas pelos investidores, mas o que se cobra neste momento, neste cenário, é racionalidade e responsabilidade, algo que nunca devemos deixar de lado no nosso ecossistema de investimentos e de startups.
4. Playbook do venture capital
Por fim, terminamos a conversa destacando, dentro do campo de especialidade de cada um dos investidores, o que consideramos o playbook essencial de Venture Capital.
Este é um capítulo necessário para qualquer startup ou investidor que esteja olhando para o mercado. Confira:
Como recado final, lembramos que este momento de ajuste não é necessariamente ruim, pois havia uma certa bolha em função da abundância de recursos disponíveis, o que estava provocando excessivos valuations. Acreditamos que aqueles que souberem aproveitar este momento de forma adequada poderão se diferenciar e sobreviver mais fortes, celebrando bons e saudáveis negócios.
Enfim, acima procurei destacar os aspectos essenciais da nossa conversa, mas você pode conferir esta e outras lives da kadmotek no canal de youtube da Kadmotek ou no linkedin da Kadmo. Bons investimentos para todos.