AS PERSPECTIVAS PARA O VAREJO BRASILEIRO EM 2022

Após 20 meses desafiadores, considerando o período da pandemia do COVID-19, estamos chegando ao final de 2021 com muitas incertezas sobre o que vem pela frente em 2022.

 

O pensamento da maioria dos pequenos e médios varejistas ainda está na sobrevivência do seu negócio, mas o fim do túnel está bem próximo e já passou da hora de focar nas oportunidades.

 

Os resultados da Black Friday 2021 foram inferiores às expectativas, com um crescimento nominal em torno de 5% em relação a 2020. Isso na verdade representa uma queda real nas vendas se consideramos a inflação medida pelo IPCA próxima a 11% nos últimos 12 meses. Os principais motivos para esse desempenho limitado foram: (i) queda no poder de compra das famílias, (ii) o estoque limitado em setores com forte desempenho em eventos promocionais (artigos esportivos e eletrônicos);  (iii) sem falar que muitos varejistas seguraram o nível de desconto ofertado. Devemos ter um bom desempenho nas vendas de natal, mas o planejamento para 2022 ainda é incerto.

 

Nessa semana a CBRE publicou um relatório sobre as perspectivas do mercado americano em 2022. Recomendo a leitura integral do relatório (https://www.cbre.com/insights/books/us-real-estate-market-outlook-2022/retail), mas faço um breve resumo das tendências apontadas para os EUA:

 

Aumento da parceria entre marcas de varejo digital e tradicional, geralmente por meio de quiosques de marca ou em lojas de departamentos, para aumentar o tráfego de pedestres para lojas e estabelecer uma presença física para marcas de varejo emergentes.

 

Na última milha, que continua sendo uma das etapas mais caras do processo logístico, as lojas físicas terão um papel maior em 2022, facilitando a coleta e devolução de mercadorias pelos consumidores, bem como a ampliação de serviços financeiros, com redução de custos.

 

Uma parcela cada vez maior de consumidores prefere marcas eticamente defensáveis, especialmente aquelas voltadas para a redução de emissões e resíduos de carbono. O interesse pelo mercado de revenda está aumentando.

 

Em nosso país a parceira entre empresas de venda direta para o consumidor, empresas digitais e varejistas tradicionais, ainda tem alcance muito limitado. Recentemente vimos o lançamento da Megaloja Casas Bahia com 9.000 m² na Marginal Tietê em São Paulo. Nessa loja o varejista investiu na criação de áreas de experiência e serviços para o consumidor, incluindo playground para crianças, arena games e área com cozinha gourmet para cursos; além de realizar parcerias com fabricantes (Brastemp, Consul, LG, Samsung, Electrolux e outros) para a criação de áreas de show diferenciadas. Outro exemplo a ser citado é a parceira Swift e Carrefour. Após o sucesso das lojas de Rua Mercado da Carne, a Swift esta investindo na criação de espaços exclusivos nas lojas do Carrefour, para aumentar a exposição de seus produtos e propiciar mais conveniência a seus clientes, que não precisam mais ir a dois lugares diferentes para fazer as compras para seu churrasco ou refeição em família. Se compararmos com a realidade do mercado americano, com destaque para as parcerias entre a empresa de cosméticos Ulta Beauty e a rede de supermercados Target, além da parceira Sephora e Kohl´s, também podemos citar a recente parceira de gestão de programada de fidelidade da Nike com o varejista Dick´s Sporting Goods; ainda estamos engatinhando e temos muitas oportunidades pela frente.

 

Com relação à questão logística de última milha, recentemente tivemos o anúncio da interrupção das operações do Delivery Center, que representou uma perda de aproximadamente R$200 milhões para empresas tradicionais de shopping centers e um investidor relevante do varejo, que não obtiveram sucesso na tentativa de criar uma estrutura comercial e logística alternativa aos grandes players desse mercado já estabelecidos. Desafios operacionais de integração de informações e custos operacionais relevantes, frente aos resultados apresentados, podem ser apontados como as principais causas para esse insucesso. O fato é que ainda precisamos buscar o equilíbrio entre os marketplaces de delivery e os varejistas, que não estão conseguindo fazer frente aos custos de comissão de vendas e fretes impostos nesse modelo de negócio. No curto prazo várias redes de varejistas estão investindo na integração dos estoques, integração dos sistemas de vendas on line e off line e adequação das lojas para ofertar opções de entrega e retirada mais atrativas para os consumidores. Porém ainda não está resolvida a questão do custo de publicidade para ser relevante no mercado digital e os custos logísticos e a maioria das operações ainda não são rentáveis. Veremos também investimentos das redes de shopping centers na criação de áreas de retirada de mercadorias com serviços diferenciados para os clientes, além de rede de entregas de curtas distâncias.

 

Por fim ainda não é tão relevante para nós brasileiros, no mercado de massa, a questão do consumo sustentável, uma vez que esse quesito ainda não é fator predominante na decisão de compra. Algumas marcas têm focado na divulgação de suas ações de sustentabilidade e tem obtido ótimos resultados.

 

Para 2022 as perspectivas do mercado varejista brasileiro ainda são incertas, uma vez que a renda disponível para o consumo das famílias esta muito prejudicada e não temos sinais de melhorias significativas no curto prazo. Do ponto de vista dos varejistas estamos assistindo uma consolidação de mercado em vários setores, que deve aumentar a capacidade de investimentos e propiciar a melhoria da oferta aos consumidores. Adicionalmente temos muito que trabalhar na estrutura de financiamento e assessoria para viabilizar investimentos e nesse aspecto a atuação de empresas de venture capital como a KADMOTEK deve ser tornar cada vez mais relevante.

 

 

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